quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Cia Moderno para além da dança

"Avesso" para a capital carioca

A Cia. Moderno de dança prepara, a partir dessa semana, sua viagem para o Rio de Janeiro. Na mala, o espetáculo “Avesso”, que ganhou o Prêmio Secult do ano passado e foi convidado pelo Palco Contemporâneo, evento patrocinado pelo governo do Rio, para ocupar os teatros da Lapa na primeira metade de setembro.

“Avesso” é o resultado da tese de doutorado da coreógrafa Ana Flávia Mendes, que aborda uma metalinguagem do corpo. A reflexão trata, com tecnologia, a arte que o movimento proporciona. “No processo de criação de ‘Avesso’ foi priorizado o aprimoramento da consciência corporal dos intérpretes-criadores a partir de uma mescla entre essas técnicas, além de terem sido utilizados alguns recursos tecnológicos da medicina para propiciar a visualização da anatomia e fisiologia humana internas”, diz Ana Flávia sobre o processo de criação da obra.

Depois de ter sido analisada por nomes de peso do cenário artístico, como Paes Loureiro e Miguel Santa Brígida, o espetáculo ganhou um caráter mais lúdico e menos acadêmico. O diretor teatral e bailarino Márcio Moreira comenta a inserção de sua linguagem na obra. “É um trabalho muito difícil mesclar teatro e dança numa linguagem híbrida e única, mas o resultado surpreende. Uma temática de meta-corpo amarra mais ainda a mão de um diretor teatral, já que cada um imprime seu toque pessoal no acabamento”.

A peça será reapresentada em Belém no final do ano, mas seu caráter dinâmico deve alterar o seu conteúdo. “Conforme o grupo ensaia e apresenta, novos movimentos são descobertos. Afinal,é o corpo falando do corpo”, encerra Márcio.

Perfil - Criada em 2001 por alunos e antigos alunos do colégio moderno, a Cia moderno de dança se auto-intitula, um grupo de fronteira. Traduz a contemporaneidade de sua dança como uma arte que nem é totalmente embasada por técnicas do ballet clássico, nem é experimentalista ao ponto de perder um foco para estudo.

O grupo aproveita os conhecimentos acadêmicos de seus bailarinos para aprofundar as temáticas traçadas pelos espetáculos. Através de diversas áreas, como psicologia, jornalismo, direito e educação física, os integrantes da Cia reinventam a própria forma de dançar, partindo de uma linha de pesquisa que a coreógrafa Ana Flávia Mendes, denomina “Movimento autônomo”.

É com esse pensamento acadêmico que os ex-alunos do colégio moderno ganharam o cenário nacional contando através do corpo diferentes pontos de vista da sua própria realidade.
“O conhecimento que os bailarinos adquirem fora da sala de dança é a matéria-prima da arte produzida aqui dentro”, comenta Ana Flávia sobre a necessidade de se manter atualizado.Hoje a Cia sai dos festivais de competição e entra na área de mostra cultural para abrir discussões e pontos de vista sobre suas produções artísticas.


Por Márcio Moreira

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